ETF de Bitcoin: uma realidade ou uma expectativa?

O passo que o mercado aguarda ansiosamente 

Por Eduardo Salvatore

O mercado de Bitcoin mundial passa, no momento, por uma lateralização dentro de uma tendência de baixa. Ainda se vê muita cautela ao atingir proximidades das linhas de suporte e resistência. Muito por causa do julgamento de uma Bitcoin ETF por parte da Securities and Exchange Commission (SEC), principal órgão regulador de um dos maiores mercados mundiais, os Estados Unidos. Ultimamente, a grande esperança dos touros otimistas é a aprovação desta medida.

Vamos do início: O que é uma ETF?

O ETF (Exchange Traded Funds ou Fundos de Índice) é uma maneira prática de investir em ações, diversificando o risco e diminuindo o custo. São fundos que representam um índice (ou uma cesta de ações de empresas de um determinado setor). Isto é, seu preço acompanha o preço de uma commodity (ex. ouro), um índice (Ibovespa) ou uma cesta de ações.

Estes fundos podem ser comprados ou vendidos na bolsa como uma ação. Eles promovem diversificação uma vez que o investidor não precisa administrar as ações individualmente nem arcar com os custos de negociação para manter a carteira compatível ao índice de referência.

No Brasil, esse mercado ainda está em fase de crescimento, uma vez que seu primeiro ETF foi lançado em 2004. Abaixo, a evolução deste tipo de investimento:

etf do bitcoin etf

O ETF do Bitcoin

Um ETF do Bitcoin seria então, uma maneira de investir na criptomoeda sem a exposição a alguns riscos inerentes a tecnologia, uma vez que o detentor deste ativo não necessitaria da custódia da criptomoeda. Isto é, não estaria exposto a um possível ataque hacker.

Além disso, todas as corretoras reguladas pela SEC poderiam investir neste tipo de ativo diretamente, sem a necessidade de um intermédio de uma exchange especializada.

Propostas de ETF de Bitcoin

No dia 18 de Janeiro de 2018, a SEC publicou uma carta referente aos riscos relacionados a fundos e holding de criptomoeda.

Já a primeira Bitcoin ETF a ser julgada foi a dos Winklevoss, gêmeos donos da corretora Gemini e que investiram no Facebook nos primeiros estágios. O caso começou em 30 de junho de 2016, ao registrarem o pedido de uma mudança na regra para que fosse possível listar ações de um fundo de custódia em criptomoeda dos irmãos winklevoss.

Em março de 2017, a SEC negou esta tentativa e a Bats BZX, corretora em que o fundo seria listado, recorreu. Finalmente, em 26 de Julho, a proposta foi negada. Porém, registros mostram que a saga dos gêmeos winklevoss começou em 2013.

Os motivos da rejeição, segundo o órgão regulador, foram a imaturidade do mercado e a falta de resistência a manipulações do mesmo. A rejeição teve um impacto negativo no preço do criptoativo na época de 3%, levando o BTC para US$7.800.

Importante ressaltar que segundo a SEC, a decisão não significava uma desqualificação da tecnologia blockchain e do Bitcoin, nem sua utilidade ou valor como inovação ou investimento.

A segunda Bitcoin ETF julgada foi a ProShares Bitcoin ETF e a ProShares Short Bitcoin ETF, listadas no dia 04 de Dezembro de 2017, após adiamento de 240 dias para melhor avaliação da SEC, em parecer do dia 22 de Agosto, a SEC rejeitou as propostas.

“… A Comissão rejeita esta proposta de mudança na lei porque, como discutido abaixo, a Corretora não atingiu os critérios do Exchange Act e as regras de práticas da Comissão (..) em particular o requisito de uma security nacional ser desenhada para prevenir atos fraudulentos e manipuladores”

Estas propostas de fundo tem como base os contratos futuros de bitcoin, ao invés de custódia “física” de bitcoin. O valor deste fundo estará atrelado aos contratos futuros de Bitcoin listados nas bolsas CME ou na Cboe. Portanto, é uma espécie de derivativo do derivativo.

A terceira ETF do Bitcoin julgada em definitivo foi a Direxion. A proposta é de fundos que permitirão obter posições short e long, alavancadas ou não, em cima do benchmark que é o preço no mês vigente dos contratos tradados na bolsa CME e CBOE. Também foi negada pela SEC dia 22 de Agosto.

A quarta Bitcoin ETF julgada foi a GraniteShares, registrada no dia 15 de Dezembro de 2017, outro ETF de um fundo de custódia de bitcoins. Após adiamento, o pedido foi julgado em definitivo no dia 22 de Agosto.

As ETFs da ProShares, Direxion e GraniteShares foram rejeitadas sobe o mesmo argumento!

Uma das ETFs de Bitcoin mais aguardadas é a da SolidX/Van Eck.

A quinta ETF do Bitcoin é baseada no ativo “físico” e não no contrato futuro, será julgada no dia 30 de Setembro, cabendo adiamento ainda.

Esta é a grande esperança da comunidade, uma vez que recebeu 1.300 comentários na proposta.

Em uma carta aberta, VanEck atacou 5 pontos usados pela SEC como motivo para rejeição:

Liquidez: VanEck afirma que o mercado de bitcoin é bem líquido, com uma média de spread menor que 5 pontos base (basis points). E o volume total do mercado futuro da criptomoeda na CME e CBOE chegando a 200 milhões de dólares

Valuation: Os preços da CBOE e CME são suficientes para determinar adequadamente o valor presente do ativo (nav) do ETF.

Custódia: VanEck afirma que esta ETF não está focada em contratos de bitcoin com liquidação física, mas poderia se engajar com players do mercado para achar uma solução que satisfaça os requisitos de custódia.

Manipulação de mercado e outros riscos: Sendo um produto negociado em bolsas americanas, este risco é mitigado.

Arbitragem: Em sua opinião, VanEck aponta que o mercado de bitcoin não é mais volátil que ações de minas de ouro ou participações semelhantes.

etf do bitcoin etf
Lista das ETFs de Bitcoin registradas junto à SEC.

 Caso aprovado, positivo ou negativo?

Muitos acreditam que caso aprovado, um ETF de Bitcoin representaria um aumento exponencial no preço da criptomoeda uma vez que atrairia “investidores institucionais” para o mercado e pessoas físicas ao redor do mundo que tem acesso às corretoras americanas, somado também a investidores conservadores que preferem ativos regulados. Exercendo uma forte pressão de compra destes derivativos que impactariam, indiscutivelmente, no ativo adjacente.

Porém, esta visão que aumentaria o preço exponencialmente pode ser relativizada, uma vez que grandes players institucionais já podem apostar contra ou favor a criptomoeda através de contratos futuros e hedge funds especializados em cripto. Contudo, inevitavelmente, pelo menos do ponto de vista psicológico e de todo o hype em torno das criptos, haveria sim um aumento considerável no preço no curto prazo, sucedido de uma correção. No longo prazo, acredita-se

Já Andreas Antonopoulos, um dos pensadores mais proeminentes da comunidade, acredita que uma Bitcoin ETF é uma “péssima ideia” porém vai acontecer. Em vídeo publicado no dia 14 de agosto, ele aponta que o ETF traria uma centralização para um ativo descentralizado, uma vez que os órgãos reguladores passariam a ter uma influência gigantesca no mercado e seus entusiastas ficariam no segundo escalão.

Andreas também levanta a questão de como ficariam esses produtos no caso de um fork na rede. Por fim, ele afirma que o ETF poderia aumentar as possibilidades de manipulação do preço. Neste aspecto eu discordo, uma vez que, aumentando a liquidez, tornaria o mercado mais eficiente, diminuindo a capacidade de arbitragem e manipulação de preço.

O que vai acontecer então?

Considerando a carta da SEC do início deste ano, percebe-se que a cautela é notória e que, dificilmente, veremos um avanço neste sentido ainda em 2018. Apesar do já enorme buzz em torno do assunto, o maior número de apostas se concentra em uma aprovação, mas em 2019 somente.

Todavia, gostaria de ressaltar que, com a criação da Bakkt, ETFs perdem um pouco a dimensão propagada, uma vez que Bakkt será uma forma direta de comprar Bitcoin, uma solução de custódia e uma Exchange regulada. Além de ser apoiada por um dos principais players do mercado de bolsas de valores, a ICE (parente da NYSE), é um projeto concreto com início em Novembro.

De resto, fiquem atentos, mesmo com a decisão de hoje, muitas ETFs ainda serão julgadas e mais ainda registradas. Não existe retorno, o próprio Mercado já caminha nesta direção, seja o criptoativo uma moeda ou uma commodity. Aguardemos, a tendência iminente é a maturação do Mercado como um todo, levando a uma valorização intrínseca do ativo.

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Por que o Litecoin pode ser uma boa moeda para pagamentos?

Conheça uma das criptomoedas mais qualificadas para pagamentos online!

 O Litecoin é um complemento do Bitcoin destinado a fazer pagamentos. Segundo especialistas, enquanto o Bitcoin é um dinheiro de reserva para aplicações financeiras, o Litecoin (LTC) surgiu para aprimorar transações em dois pontos específicos: escalabilidade e velocidade.

A finalidade do Litecoin é obter melhores resultados na realização de pagamentos mundiais e atuar como um complemento inteligente do Bitcoin, tornando-se mais útil na realização de transações online, já que apresenta software livre e perfil descentralizado.

Mais agilidade nas transações

Por ser uma criptomoeda de mercado para investimento, o Bitcoin não apresenta a agilidade necessária para a realização de transações de pagamento. Com o Litecoin, essas transações costumam ser até quatro vezes mais rápidas e com taxas bem menores.

Os próprios especialistas já acreditam que existe um espaço muito grande para complementos digitais de Bitcoins destinados somente a pagamentos, inclusive no que se refere aos ajustes de taxas de pagamento.

O Litecoin foi lançado em 2011, justamente com a finalidade de aprimorar o Bitcoin, esta foi a intenção de seu criador, Charlie Lee, a partir do código do Bitcoin.

Características importantes da Litecoin

No mercado, o Litecoin é conhecido como o “Bitcoin de Prata”. Enquanto o ouro é um material precioso que deve ficar rendendo em aplicações específicas, a prata é considerada uma moeda de menor valor, mas muito útil para o mercado de pagamentos.

O Litecoin é, portanto, uma moeda criptografada que possui algoritmo simplificado, que permite que o processamento de gráficos seja muito mais rápido, algo excelente na realização de transações online.

O processo de confirmação da Litecoin também é bem mais ágil, levando 2 minutos e meio, enquanto o Bitcoin pode levar até 10 minutos para ser confirmado. Este é um excelente atrativo para investidores e pagadores.

O Litecoin também é uma moeda digital mais maleável e flexível, com ampla capacidade de se ajustar ao mercado e de realizar algumas mudanças necessárias para o seu crescimento, atraindo investidores.

Por ser uma moeda de pagamento usada em maior escala em transações digitais, o seu limite é bastante elevado quando comparado ao Bitcoin.

O algoritmo de hashing utilizado pela Litecoin é a Scrypt enquanto o Bitcoin utiliza o SHA-256. O limite máximo de LTCs é de 84 milhões contra 21 milhões de moedas de Bitcoin.

Além disso, algumas implementações de protocolo rodam antes na rede do Litecoin, como o segwit, por exemplo.

Apesar de em queda, o preço do ltc em dólar já chegou a mais de 300 dólares.

Abaixo, um gráfico da evolução do preço do ltc em dólar a partir do ano de 2015:

preço BTC em dólar
Evolução do preço do ltc em dólar desde 2017.

Comprar LTC no Brasil é fácil, uma vez que é uma das principais criptomoedas do mundo (7ª em valor de mercado) e uma das mais antigas. Porém, sem dúvida, o melhor lugar para comprar e vender Litecoin é a FlowBTC.

Suporte da FlowBTC

A FlowBTC é um ambiente para os clientes realizarem a gestão dos seus ativos digitais com máxima segurança. Além de manter as criptomoedas guardadas nos Estados Unidos.

A empresa conta com profissionais experientes e suporte técnico 24 horas por dia, informando sobre Bitcoins e LTC, ETH e BCH, tirando dúvidas e prestando auxílio para as melhores escolhas de investimentos.

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Entrevista com o CEO, Marcelo Miranda, sobre investir em Ethereum

“Ethereum é uma das coisas mais inovadoras que a humanidade já presenciou”

Marcelo Miranda, CEO da FlowBTC, conversa sobre Ethereum, uma das muitas criptomoedas que já existem no mercado e… Não, não. Ethereum é muito mais! Em suas palavras, “é uma das coisas mais inovadoras que a humanidade já presenciou”. Nesta entrevista, Miranda explica os motivos porque acredita nisso e conversa sobre descentralização, volatilidade e, principalmente, o potencial dessa plataforma. Além disso, a corretora organizou um e-book sobre esta criptomoeda disponível no final da entrevista. Confira!

FlowBTC – Por que investir em Ethereum e não em outras moedas?

Marcelo Miranda: O Ethereum é mais do que uma criptomoeda. A tecnologia de smart contracts do Blockchain do Ethereum é uma das coisas mais inovadoras que a humanidade já presenciou e isso será evidenciado a medida em que o Ethereum ganhar escalabilidade. Outras criptomoedas tem vantagens e desvantagens comparadas com o Ethereum, e com características distintas, mas o Ether – que é o token do Ethereum – possui a melhor combinação entre versatilidade, segurança, governança e resiliência.

O Bitcoin possui maior segurança e resiliência, mas não é tão versátil quanto o Ethereum. Novas plataformas de smart contracts, como o EOS, podem vir a ser mais inovadores, embora ainda não possuam segurança, resiliência ou governança definidos. Comprar e vender Ethereum no Brasil é na FlowBTC.

Há um potencial no Ethereum que não há nas outras moedas?

Acredito que sim. O Ethereum é a maior e mais testada plataforma descentralizada de smart contracts em produção hoje em dia. Além da aplicação dessa tecnologia em diversos setores do mercado, como registros, contratos financeiros, identidade etc, o Ethereum é uma plataforma para lançamento de outros tokens. ICOs de diversos tipos utilizam o Ethereum como base. Isso garante que a comunidade de desenvolvedores esteja comprometida com essa tecnologia e com isso o potencial de crescimento se multiplica.

Quem é o público do Ethereum?

O público do Ethereum hoje é bem semelhante ao que era o público do Bitcoin há um ou dois anos. Entusiastas da tecnologia de criptografia e Blockchain, traders amadores e os famosos HODLERS, investidores que compram uma criptomoeda no início e carregam a posição em uma aposta de longo prazo.

Qual é a consequência disso para quem investe em Ethereum?

Para quem investe no Ether – que é a moeda – o sucesso da tecnologia do Ethereum representa uma demanda futura pelo token. Como em todos os mercados, oferta e demanda regem os preços. Isso de certa forma está correlacionado com a expectativa de valorização futura da moeda. Porém é importante frisar uma característica importante do Ethereum. Ao contrário do Bitcoin, ele não tem um limite de emissão da moeda.

A descentralização é um trunfo apenas para médio e longo prazos?

A descentralização é o elemento mais disruptivo de qualquer tecnologia de Blockchain, mas é claro que existe um prazo de maturação para algo tão ambicioso. Acredito que teremos que esperar alguns anos até que possamos ver os primeiros frutos desse processo de descentralização. Por outro lado, os mercados tendem a antecipar esses movimentos e trabalhar em cima das expectativas e não do que acontece no exato momento. Dessa forma, esperar para investir quando esses projetos já estiverem sendo entregues pode custar caro.

Qual sua opinião sobre a volatilidade da Ethereum no presente e no futuro?

Não só o Ethereum, mas todas as criptomoedas apresentam alta volatilidade. Alguns analistas tentam comparar a volatilidade das criptos com as de outras classes de ativos mais tradicionais como ações, por exemplo. Considero isso grande erro. Estamos falando de uma classe de ativos totalmente diferente de tudo que já foi visto  antes. Não podemos analisar o risco de trading de criptomoedas com a mesma ótica que usamos em ações, commodities, forex ou qualquer outra coisa. Dito isso, o boom do fim de 2017 e a correção de 2018 foi um movimento extremo até mesmo para os padrões das criptos.

A euforia trouxe uma onda de investidores que desconheciam o risco e a liquidez do Bitcoin, Ethereum, Litecoin e tantas outras. O preço naturalmente subiu muito rápido e depois desabou. Estamos em uma nova fase de estabilização de preços com alta gradativa, o que eu considero um movimento saudável. Acredito que essa nova gama de investidores já está mais cautelosa e isso deverá conter a volatilidade no médio prazo embora no curto prazo o sobe-e-desce ainda continuará acima do padrão de outros investimentos.

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CEO flowbtc fala sobre ethereumAntes de fundar a FlowBTC foi chefe da mesa de trading de renda variável no Deutsche Bank em SP. Durante 6 anos foi trader profissional em Wall Street. Trabalhou em diversos bancos no Brasil e NY. Marcelo é formado em Economia pela UFRJ e possui MBA pela Universidade de Michigan (EUA).

 

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Indústria de ICO chega a 19 bilhões de dólares: a dinâmica de arrecadação mudou.

A arrecadação de fundos agora tem um novo caminho: Initial Coin Offering.

Por Eduardo Salvatore

Segundo o relatório divulgado ontem, dia 23 de julho, pelo veículo especializado Coindesk, a indústria de ICO arrecadou o total de 19 bilhões de dólares desde 2012.

ICO significa Initial Coin Offering, ou Oferta Inicial de Moedas em português. É uma espécie de Initial Public Offering (quando uma empresa abre participação na bolsa de valores) do mundo blockchain. Porém, é um processo muito menos burocratizado e possibilita o investimento em um projeto independente do local em que o mesmo se encontra, por se tratar de um projeto que roda na rede, ele é facilmente escalável e não necessita de um produto específico.

whitepaper do satoshi nakamoto
O primeiro Whitepaper, da moeda digital Bitcoin.

 

Funciona da seguinte forma: uma equipe/empresa/organização possui uma ideia de projeto e publica os dados/estudos em um relatório comumente chamado de whitepaper. Este whitepaper possui o escopo do projeto e a maneira de arrecadação proposta.

Na grande maioria dos ICOs, cria-se um token próprio para aquele projeto, que representará alguma participação na rede. Este token é então ofertado para arrecadar os fundos necessários para tocar o projeto adiante. Pessoas de qualquer lugar do mundo podem enviar criptomoedas (normalmente bitcoin e ether) para que sejam trocadas pelos novos tokens e, assim, enviadas ao investidor inicial.

Contudo, é fundamental ressaltar que, por não ser regulamentado, a empresa que está angariando os fundos não tem nenhuma obrigatoriedade legal em dar qualquer tipo de garantia ao investidor, por isso, investir em ICOs é um investimento de risco!

Mas vamos aos números expressivos que mostram a revolução provocada na indústria de capital de risco.

Apenas no segundo trimestre deste ano, foram arrecadados 7,3 bilhões de dólares em 192 ICOs diferentes. Grande parte deste montante é associada ao ICO da EOS que ao longo de um ano levantou US$4,2 bi mas foi contabilizado apenas no mês de encerramento (junho/18).

Initial Coin Offering vs. Blockchain Venture Capital

Don Tapscott, autor do livro “Blockchain Revolution” e um dos gurus da comunidade, escreveu em 2016 que a arrecadação via ICOs iria ultrapassar as via fundos de Capital de Risco (Venture Capital) em 5 anos. Porém ele se enganou, e hoje as Ofertas Iniciais de Moeda já ultrapassam os números dos VC no setor.

O investimento em blockchain pelos fundos de Capital de Risco começaram no ano de 2012, com um crescente parabólica, enquanto o investimento através de Ofertas Iniciais de Moeda começaram no ano de 2013, porém explodiram no ano passado. Abaixo, podemos ver uma evolução de ambas as formas de arrecadação no tempo:

gráfico ICO Venture capital risco arrecadação
Gráfico de arrecadação em dólares ao longo do tempo através de Initial Coin Offering e de fundos de Capital de Risco. Clique para aumentar.

É um tanto impressionante. Porém, é verdade que estes valores exorbitantes são muito influenciados pelos principais ICOs, que arrecadam grande parte do montante total e aumentam a média arrecadada consideravelmente. Exemplo: segundo o relatório, em Dezembro de 2017, houveram 76 ICOs e arrecadaram um total de 1,4 bilhão de dólares, já o ICO do Telegram e do EOS somados arrecadaram em torno de 6 bilhões de dólares.

É possível concluir duas coisas destes dados:

O hype em torno desta forma de levantar fundos é inegável, e várias iniciativas aproveitam-se deste buzz para lançar projetos a esmo, sem a pretensão de entregar algo de fato. Inclusive algumas celebridades aproveitaram do momentum para lançar seus próprios projetos e usar sua imagem como chamariz, caso recente da Ronaldinho coin e da Akon coin. Não só isso, o fato de não ter garantia legal com o investidor, possibilita que projetos escusos arrecadem dinheiro e use o recurso em benefício próprio. Fato que leva alguns países como a China a banir o investimento através de ICOs.

É um trade off entre a diminuição da burocracia/flexibilidade, escalabilidade e a segurança/respaldo legal.

A segunda conclusão que segue é que o apetite por parte do mercado por essa forma de arrecadação é estrondoso. Para se ter uma ideia, o IPO do Facebook, em 2012, levantou US$ 16 bilhões, com 845 milhões de usuários ativos e 2,7 bilhões de curtidas e comentários diários à época, já a EOS, consagrou-se o maior ICO com US$4,2 bi sem um produto sequer. É como se estes valores representassem os primeiros rounds de investimento no mercado tradicional, isto é, algo sem nenhum precedente.

Um fato que corrobora este apetite é que, no Brasil, temos mais pessoas cadastradas em corretoras de criptomoedas do que na bolsa de valores. Dizer que as pessoas não querem investir, torna-se, portanto, uma falácia. As pessoas querem é praticidade na hora do investimento, e o ICO veio justamente pra isso.

Imagine um ICO da Telsa, empresa de Elon Musk, com os seguintes números: pelo menos 15 milhões de fãs da empresa espalhados pelo mundo, dispostos a pagar 1000 dólares para qualquer tipo de participação no processo decisório da empresa ou por qualquer tipo de benefício. Pronto, rapidamente a empresa arrecadou 15 bilhões de dólares em questão de horas/dias.

Mas não é tão simples… Governos estão se movimentando para regulamentar este tipo de arrecadação para prevenir lavagem de dinheiro, com o caso dos Estados Unidos, que lançou a SAFT (Simple Agreements for Future Tokens), acordos de compra de tokens futuros, quando fundos de Capital de Risco e as Ofertas Iniciais de Moedas se encontram:

Em um acordo SAFT, fundos de capital de risco investem em um projeto em troca da promessa de um dia receber um certo número de tokens da empresa em um ICO. A premissa é que quando o serviço estiver operante, consumidores utilizarão os tokens dentro da rede proposta e, assim, estes tokens terão valor. É uma espécie de cartão de compras de uma loja que ainda não abriu misturado com uma aquisição de ações de uma empresa limitada. Porém, na SAFT adiquire-se o direito aos tokens futuros, não necessariamente uma participação de fato na empresa que emitirá os tokens.

Porém, isto é extremamente recente, sendo a primeira SAFT arquivada em Outubro do ano passado. E o congresso americano ainda debate se as criptomoedas deveriam ser qualificadas como títulos, apesar do Bitcoin e do Ethereum estarem fora desta discussão.

No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), coloca o Initial Coin Offering como uma espécie de crowdfunding. Porém, caso ache necessário, haverá o registro dos investidores junto a entidade. Saiba mais aqui.

Fato que leva iniciativas nacionais levarem seus projetos para países mais amigáveis. Como o caso do token Dynasti, estruturado pela empresa especializada em ICO Finchain.

Mas como saber em qual ICO investir?

Os projetos certos ou, pelo menos, os considerados certos pelo mercado conseguem quantias inéditas de arrecadação, sem taxa de juros, apenas com uma promessa. Sim, é especulativo… deveras especulativo. Mas existe maneiras de se saber se um ICO está mais propenso a dar um retorno positivo, como?

  • Analisando a equipe por trás do projeto: Quanto maior a credibilidade da equipe, menos disposta a perder esta credibilidade ela estará. Um fracasso ou um esquema de fraude fariam justamente este serviço.
  • Analisando o projeto e sua ideia: Seja crítico. Analise o projeto, a ideia do produto, o público-alvo, o tamanho do mercado, se está em expansão ou não. Faça uma análise minuciosa de todos os dados apresentados.
  • Liquidez: Quanto maior a liquidez, maior a chance de se hedgiar contra possíveis esquemas e maior o valor intrínseco do token.

Dito isso, faça sua própria análise, não vá com a maré e tome as medidas preventivas de segurança na rede sempre. Independemente, é seguro afirmar: A Oferta Inicial de Moedas é algo estabelecido, não transitório, que ainda atrairá um número cada vez maior de investidores, sejam amantes da tecnologia blockchain ou apenas especuladores. Valores inimagináveis ainda estão por vir e é importante ficar por dentro desta nova dinâmica de arrecadação mundial.

 

 

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Ethereum: O supercomputador Mundial

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Por Eduardo Salvatore

Normalmente, o caminho natural para o primeiro contato com a tecnologia blockchain é o Bitcoin, sistema de pagamento descentralizado peer-to-peer. Porém, 7 anos após o whitepaper de Satoshi Nakamoto que lançou a tecnologia para o mundo, a Ethereum foi ao ar, em 2015, e o conceito de ethereum blockchain 2.0 estava lançado juntamente com o ideal de ser o supercomputador mundial.

Vitalik Buterin
Vitalik Buterin, criador da Ethereum

Concebida por Vitalik Buterin, na época aos 19 anos, Ethereum é uma blockchain descentralizada, open source, que permite a criação de aplicações descentralizadas que rodam em cima de sua rede. A Ethereum teve como principal propósito resolver a questão da flexibilidade para criar aplicações em cima do protocolo que o Bitcoin tinha e, para isso, desenvolveu o conceito de contratos inteligentes, isto é, contratos programáveis e auto-executáveis.

 

Estes contratos conferem à rede autossuficiência, uma vez que não é necessário a presença de um terceiro na cadeia para validar a autenticidade da transação. Por isso, uma vez alcançados os requisitos do contrato, o próprio código executa os termos do mesmo. E mais, é capaz de rodar na ethereum tudo que seja programável em código, fornecendo um potencial gigantesco para a plataforma. Atualmente, os mais diversos projetos estão sendo programados, desde bolsa de valores a jogos de videogame.

Sua principal linguagem de programação é a Solidity, orientada a contratos inteligentes, e que possui a característica de ser Turing complete, isto é, consegue reescrever qualquer código de outra linguagem com sua biblioteca.

Todavia, como ainda está em estágio de desenvolvimento, consórcios e grupos são formados para compartilhar conhecimento e investir em equipes especializadas para que novos casos de usos sejam propostos e, finalmente, implementados. O maior deles é o Enterprise Ethereum Alliance, que une gigantes do mercado, universidades, start ups e afins para fomentar a comunidade.

Dentre as empresas participantes, está a Finchain, empresa dona da FlowBTC, na qual o seu CTO, Marco Vieira, é um dos instrutores do curso de desenvolvedor específico em Ethereum e outro para blockchain geral, com próxima turma disponível início de Agosto.

A moeda usada para validar os contratos na plataforma é o Ether (ETH), listado praticamente em todas as maiores exchanges globais, no Brasil, a FlowBTC é a mais indicada para comprar e vender ETH. Inclusive, é a segunda criptomoeda com maior valor de mercado e não possui a pretensão de ser uma moeda para pagamentos, como Bitcoin, Litecoin e outras. Porém, em média, é capaz de resolver mais transações que o Bitcoin, por exemplo. 

 

gráfico de preço Ethereum
Evolução do Preço de Ether e Valor total de Mercado em dólares.

 

O fato de ser possível criar aplicações em cima da rede permitiu que o Ethereum seja escolhido como a principal plataforma para a promoção de ICO’s (Ofertas Inicial de Moedas que se utilizam da tecnologia Blockchain), isto é, projetos que se utilizam da tecnologia Blockchain, usam a Ethereum como plataforma de lançamento, para levantar fundos e depois continuar com os milestones do projeto. Inclusive, já foram realizados mais de 2500 ICOs na plataforma Ethereum, o que representa em torno de 80% do total de ICOs já lançados (dados do icobench).

Fora isso, é importante ressaltar que muito ainda está por vir. Inúmeras propostas de implementação (EIPs) vem sendo discutidas, sendo a principal delas a mudança do algoritmo de consenso, de Prova de trabalho (Proof-of-work) para Prova de Participação (Proof-of-Stake), denominado de projeto Casper pela rede. Mas o Hype em torno da Ethereum é evidente, levando

Steve Wozniak, co-fundador da Apple a dizer que a plataforma poderia se tornar a nova gigante de tecnologia:

“Ethereum me interessa porque pode fazer coisas e porque é uma plataforma”

Mesmo após 3 anos de seu lançamento, um fork e vários projetos incubados, o caminho ainda é longo. Inegável, porém, que a Ethereum é considerada por muitos da comunidade cripto como a maior promessa do blockchain mundial. Vitalik e companhia estão cada vez mais em evidência e é improvavél que tal esforço vá por água abaixo. Seguimos acompanhando de perto esta tecnologia que tem a pretensão de ser o supercomputador mundial.

 

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Por Eduardo Salvatore

A resposta mais simples e direta seria algo em torno de 25 mil reais. Mas a resposta dessa pergunta ainda trás muito de dúvida e pouco de certeza. Para muitos, quanto vale um bitcoin está diretamente relacionado ao potencial de disrupção intrínseco da moeda, para outros, deve ser analisada segundo o que tem pretensão de ser, isto é, uma moeda.

Deste dilema incorrem uma série de discussões, a primeira dela é se de fato o bitcoin é uma moeda ou não. Como não é suportada por nenhum banco central, nenhum órgão nacional responsável por sua emissão, nenhum órgão regulador que a fiscalize e sua imensa volatilidade, ela não teria as propriedades necessárias de uma moeda.

E, se, justamente, o valor do bitcoin estivesse nesta ausência de um Banco Central por trás? O elemento de confiança é, enfim, transferido para rede através de criptografia e pura matemática.

Deixe-me explicar:

O bitcoin é um sistema de pagamento peer-to-peer, como definido pelo seu criador Satoshi Nakamoto em 2008. Este sistema não necessita de terceiros que validem as transações (leia-se bancos em nossa realidade atual). Os próprios nós presentes na rede são responsáveis por verificar, validar e transmitir a informação na própria rede. Este fato confere ao bitcoin a característica da descentralização.

Partindo do princípio que todos são suspeitos, a blockchain (tecnologia por trás do Bitcoin), é transparente, imutável e auditável. Todos os participantes, desconfiados entre si, estão constantemente se verificando e se validando. Mas o que garante que o elemento de confiança de fato possa ser passado para a rede? Matemática e teoria dos jogos. Como assim?

Prometo não me estender em tecnicalidades, porém, cada transação na rede é um desafio matemático, resolvido pelos mineradores, estes, por sua vez, são recompensados pelas taxas cobradas pela rede e um valor a cada novo bloco de transações.

Para resolver essas transações, um alto montante é investido em maquinário (Hardware) e energia elétrica, ou seja, para que a rede seja fraudada, segundo os parâmetros do protocolo do bitcoin, um único minerador teria que possuir 51% do poder computacional de toda a rede, que, no caso do Bitcoin, já representa um valor colossal.

Fora isso, segundo a propriedade que vale a cadeia mais longa, este minerador não conseguiria fraudar transações passadas, se limitando a fraudar apenas 2 a 3 blocos antes que seja exposto a rede e esta passe a ignorar as informações transmitidas por ele. Por isso, se tem maior retorno beneficiando a rede do que tentando fraudá-la.

Compartilho da opinião de John H. Cochrane, economista que deu aula em Stanford e na Universidade de Chicago:

“Bitcoin é como fiat (sem lastro), em que seu valor vem da relação entre uma oferta limitada e suas demandas. Por isso, possui as flutuações colossais que vemos. É uma versão digital do ouro. “

Baseando-se em oferta e demanda, o mercado é o principal validador do preço do bitcoin. Preço este que chegou a 20 mil dólares no fim do ano passado.

Essa visão de ouro digital atrela ao Bitcoin o conceito de reserva de valor, e também de escassez, uma vez que existe o limite finito de 21 milhões de bitcoins, que será atingido aproximadamente em 2140.

Porém, ainda com a queda recente, fato que toma conta dos noticiários com curiosa facilidade, vide a matéria publicada hoje pelo G1, o bitcoin é a maior criptomoeda do mercado, com valor de mercado em 105 Bilhões de dólares e principal flagship de um mercado de US$260 bilhões (o mercado de criptoativos/tokens/moedas), isto é, representa 40% de todo um mercado emergente que briga com os principais bastiões de nossa sociedade moderna, os bancos. Mercado não, indústria. Uma vez que comprar e vender 1 Bitcoin está cada vez mais fácil.

 

Quanto vale um bitcoin
Evolução do preço e valor de mercado do Bitcoin em dólares e escala logarítmica. Dados do coinmarketcap

Difícil para um financista fundamentalista ver um valor intrínseco da moeda, não temos, ainda, técnicas de valuation que possam ser aplicadas às criptomoedas em geral (apesar de algumas tentativas já feitas através de métricas como número de nós, poder computacional da rede, etc).

Além disso, os players principais do mercado ainda operam, majoritariamente, com ferramentas de análise técnica, fato que afasta ainda mais os céticos fundamentalistas. E várias previsões também são feitas a esmo e, caso não concretizadas, retiram um pouco mais da credibilidade do mercado em emersão.

Tais previsões e declarações normalmente ganham os tabloides, Tom Lee, ex-chefe de equity do JP.Morgan, é um entusiasta da tecnologia e afirma que o preço do bitcoin vai chegar a US$25 mil até o final do ano. Já Warren Buffet, aconselha os investidores a manter distância da criptomoeda.

O hype é tão grande em torno da tecnologia que algumas celebridades se aproveitam do momentum das criptomoedas e para lançar seus próprios projetos (ICOs, como se diz no mercado), ao exemplo do boxer Floyd Mayweather e, recentemente, o cantor Akon.

Uma questão central do debate em torno de uma moeda para meio de pagamento é a regulamentação, a capacidade de ser taxada, auditada, a fim de que sejam evitadas a famigerada lavagem de dinheiro.

Neste quesito, ainda estamos engatinhando, apesar de países como Japão, Alemanha e Austrália já a reconhecerem como meio legal de pagamento e serem passíveis de impostos e tributação, países como China e Rússia se posicionam contra e impedem a livre transação da moeda.

Apesar destes percalços, o bitcoin vem lutando bravamente há quase 10 anos e já teve sua morte anunciada inúmeras vezes. O fato é: enquanto a população como um todo, enxergar valor neste meio de pagamento descentralizado, a rede continuará ativa e não há nada que se possa fazer. Em um mundo em que ainda enfrentamos problemas de transparência e idoneidade, talvez a criptografia matemática seja, de fato, a melhor saída possível.