Apesar da relação de amor e ódio da China com blockchain e cripto, parece que o país terá um papel importante no futuro dessas tecnologias.
Isto porque, apesar da perseguição com o Bitcoin e criptomoedas, a China está investindo na tecnologia por trás dele, a tecnologia blockchain. Além disso alguns dos maiores nomes da indústria cripto, vêm da China, como Jihan Wu, fundador da Bitmain, maior mineradora de Bitcoin do mundo.
Justin Sun e Changpeng Zhao CZ, são outro dois grandes nomes da indústria, CZ é fundador de uma das maiores exchanges de cripto do mundo, a Binance. Justin Sun é fundador da Tron, uma das 10 principais criptomoedas atualmente.
Mineração
A China se tornou conhecida pela mineração de Bitcoin, graças aos preços de eletricidade, à disponibilidade de hardware e ao tamanho e estabilidade dos pools de mineração locais. No auge as mineradoras chinesas chegaram a produzir 95% de todo Bitcoin e atualmente a produção está na faixa de 70% da rede Bitcoin.
Esta queda aconteceu depois que o governo chinês focou nos pools de mineração como alvo e reduziu o fornecimento de eletricidade. A Comissão Econômica e de Informação do país disse que as operações de mineração não colaboravam com a economia do país além de consumir um alto volume de eletricidade.
Porém, independente disso, a Bitmain continua crescendo. A empresa produz chips ASIC, que são usados para a mineração de criptomoedas e atualmente a maior parte da receita da empresa provém da venda de plataformas de mineração. Aliás, a Bitmain recentemente expandiu para os EUA.
Investimentos em blockchain
Você provavelmente já ouvi falar no Alibaba, basicamente a Amazon da China. A empresa está investindo na tecnologia blockchain, e levando em consideração que no final de setembro de 2018 o valor de mercado do Alibaba atingiu 390 bilhões, e assim a empresa se tornou a mais valiosa da China e top 10 do mundo, o Alibaba investir em blockchain é muito significativo.
No ano passado, em uma lista do iPR Daily, que classifica as organizações globais pelo número de patentes arquivadas relacionadas a blockchain, o Alibaba ficou em primeiro lugar, passando a IBM.
O People Bank of China, maior banco chinês, também está investindo na tecnologia blockchain. Os testes blockchain do banco se estenderam por outros bancos chineses incluindo o Bank of China.
O banco também está planejando criar sua própria criptomoeda, segundo seu vice-governador, Fan Yifei, a nova criptomoeda iria substituir o dinheiro no país. Apesar de ainda não existir nada concreto, há especulações de que uma cripto apoiada pelo governo chinês teria o potencial para ser maior que o Bitcoin.
Pagamentos móveis
O cenário é favorável para a China avançar em cripto e blockchain, os pagamentos móveis são muito populares no país. Com o WeChat Pay e o AliPay, até os serviços mais simples são pagos eletronicamente.
Desta forma, faz muito sentido que os consumidores chineses passem a usar criptomoedas no cotidiano com facilidade.
Segundo um estudo de 2017 da Penguin Intelligence, 92% das pessoas das principais cidades chinesas declararam usar o WeChat Pay ou AliPay como meio de pagamento principal.
Os gastos através desses serviços vem crescendo enquanto os gastos com dinheiro na China caíram cerca de 10% nos últimos dois anos, segundo o The Wall Street Journal.
Interesse do governo
Mesmo com as proibições envolvendo cripto e ICO’s, os chineses mantém seus criptoativos, o número de usuários seria de aproximadamente 3 milhões.
A estratégia do governo chinês em relação à blockchain compreende tanto o investimento no desenvolvimento blockchain, sua inovação e implementação, quanto a repressão dos sistemas blockchain que não podem controlar.
Ao mesmo tempo que há restrições no país, o desenvolvimento blockchain continua avançando. E com o governo e empresas investindo milhões na tecnologia, a China tem criado um ecossistema blockchain.
No início de 2018, o presidente da China, Xi Jinpin declarou que o governo ia comprometer 1,6 bilhão de dólares para o desenvolvimento da tecnologia blockchain no país. Enquanto vê as criptomoedas como fraude e ameaça, o governo chinês reconhece que a tecnologia por trás das criptos merece atenção.
Está claro que o governo chinês é otimista em relação ao futuro da tecnologia blockchain, a China espera que blockchain desempenhe um papel importante no futuro do país e não é segredo que eles querem dominar essa nova área.
Porém esse interesse do país em blockchain pode não ter a ver com a descentralização. A China reprimir as criptomoedas e ao mesmo tempo investir em projetos de blockchain é possivelmente uma tentativa de maximizar o controle do país sobre o ecossistema blockchain enquanto minimiza os riscos.
Com blockchain, além do país ter poder para exercer influência no exterior, a China poderia construir uma blockchain fechada que poderia controlar e corromper para seus próprios propósitos.
No mês passado, Victoria Adams, executiva da ConsenSys, escreveu:
“Uma Web 3.0 chinesa não seria uma visão aberta e transparente expressa pelos Estados Unidos, mas seria um sistema autoritário controlado pelo governo chinês. Tal blockchain permitiria que a China estabelecesse os termos da Web 3.0 e controlasse as comunicações digitais, a transferência de ativos e as supply chains globais que passam pelo sistema Belt-and-Road – potencialmente impactando seriamente os interesses dos EUA.”
Apesar das proibições, a popularidade das tecnologias emergentes na China é promissora. E diante da escala de desenvolvimento blockchain do país e nos seus robustos investimentos governamentais e corporativos, o país promete ter um grande papel na indústria blockchain nos próximos anos.
O que resta é aguardar os próximos anos para descobrir se a China vai realmente se tornar um líder global em blockchain e como o país vai usar esse poder.
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